sábado, 25 de agosto de 2012

A História da Devoção a Nossa Senhora da Consolação

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Todos sabemos desde que nascemos que a Nossa Senhora da Consolação é a padroeira da nossa Freguesia de Igrejinha, mas poucos sabem realmente a origem da devoção Mariana Consoladora. Assim, aqui fica a história, para todos aqueles que se interessarem por saber estas origens…

A devoção a Nossa Senhora da Consolação remota ao início do cristianismo, ao tempo dos Apóstolos. Após a morte e ressurreição de Jesus, eles viam Maria como a Verdadeira Mãe e Mestra, consumada na ação do Espírito Santo, o consolador prometido. Maria é a própria consoladora do espírito, a fortaleza que reconforta os sofredores, o porto seguro dos aflitos.

A antiga tradição narra que Santa Mónica (331-387 – Argélia), nas suas aflições, recorria a Nossa Senhora, primeiro nos momentos de sofrimento e desilusão provocadas pelo marido, depois com a vida desregrada do filho Agostinho (que mais tarde veio a ser Santo Agostinho), de temperamento difícil e que nada queria ter a ver com religião. Santa Mónica seguiu Maria como sua intensa devota, inclusivamente na forma de vestir depois da morte de São José e, principalmente, principalmente após a Ressurreição de Jesus.

Reza a História que esta devoção de Santa Mónica tenha levado Nossa Senhora a aparecer-lhe vestida com o traje solicitado: coberta por uma ampla túnica de tecido rústico, de corte simples e cor muito escura. Uma roupa despojada e penitencial, tendo apenas na cintura uma grosseira correia ou cinta de couro que descia quase até o chão, que soltou e colocou à Santa, recomendando-lhe o uso diário, indicando-lhe ainda que a transmitisse a todos aqueles que necessitassem da sua proteção.

Santa Mónica viu o seu filho converter-se e tornar-se um homem santo e bondoso, tendo sido também um dos primeiros a cinta e a entregar à proteção de Nossa Senhora da Consolação, como o fez com a comunidade religiosa que logo fundou. O poder da cinta terá sido tão intenso, que Agostinho acabou por se tornar num dos Santos mais importantes do catolicismo.

Com base neste milagre, as ordens agostinianas passaram a usar a cinta como seu distintivo e Nossa Senhora da Consolação passou a ser representada com uma cinta escura entre as mãos, entregando-a a Santa Mónica e Santo Agostinho e a ser chamada em algumas localidades como Nossa Senhora da Correia ou Nossa Senhora da Cinta.

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Mais tarde, já na segunda metade do Século V, em Turim, Itália, a devoção para com Nossa Senhora da Consolação foi fortalecida, baseada na história anterior e num quadro da Virgem trazido da Palestina por Santo Eusébio, Bispo de Vercelli, doado pelo próprio a São Máximo, Bispo de Turim.

São Máximo, por volta de ano 440, colocou o quadro à veneração dos fiéis de Turim, num pequeno altar erguido no interior da igreja do Apóstolo Santo André. O povo começou a venerar a efígie daquele quadro com grande fé e devoção, e Maria terá começado a distribuir muitas graças, inclusive graças milagrosas, sobretudo em favor das pessoas doentes e sofredoras. Sensibilizados com o amor misericordioso da Virgem Maria, o Bispo e o povo começaram então a invocá-la com os títulos de “Madonna Consolata”, “Mãe das Consolações”, “Consoladora dos Aflitos” e o quadro permaneceu exposto à veneração dos fiéis sem sofrer nenhum transtorno, durante quatro séculos consecutivos.

Por volta do ano 820 a cidade de Turim foi assolada pelo movimento da funesta heresia dos iconoclastas, pessoas que, considerando imagens de adoração contra a lei de Cristo, destruíam toda e qualquer figura ou quadro religioso expostos ao culto. Temendo que a pintura fosse também destruída, os religiosos da Igreja de Santo André retiraram-na do seu altar e esconderam-na nos subterrâneos da igreja, esperando que passasse a onda reformista dos iconoclastas, mas este prolongou-se por muitos anos e o esconderijo caiu no esquecimento, tal como a devoção a Nossa Senhora da Consolação.

Em 1014, Nossa Senhora apareceu a Arduíno, Marquês de Ivréia, gravemente enfermo, e pediu-lhe que construísse três capelas em sua honra: uma em Belmonte, outra em Crea e a terceira em Turim, esta última junto às ruínas da antiga Igreja de Santo André, cuja torre ainda permanecia de pé. O Marquês Arduíno, ao ser milagrosamente curado por Nossa Senhora, cumpriu o solicitado pela Virgem e mandou construir as três capelas.

Quando começaram as escavações para os alicerces da capela de Turim, os trabalhadores encontraram o quadro de Nossa Senhora da Consolação, ainda intacto, apesar de ser uma pintura em tela, o que encheu de alegria e fé a população da cidade e a devoção à Mãe das Consolações renasceu e parecia não mais estar ameaçada, mas poucos anos depois, rebentaram as numerosas guerras e epidemias que assolaram a região, o que fez com que muitos habitantes de Turim abandonassem a cidade e a capela de Nossa Senhora da Consolação acabou por se tornar num monte de escombros, ficando o quadro novamente mergulhado nas ruínas e nos esquecimento durante cerca de 80 anos.

Em 1104 volta a haver intervanção divina e um cego de Briançon, em França, chamado João Ravache, teve uma visão de Nossa Senhora que lhe disse devolver-lhe a visão se fosse a Turim visitar a sua capela que jazia em ruínas. Ultrapassando enormes dificuldades, o cego chegou a Turim, sendo acolhido pelo Bispo da cidade, Mainardo, que, acreditando na sua história, mandou fazer escavações no local mencionado por Nossa Senhora.

No dia 20 de Julho de 1104, o quadro de Nossa Senhora da Consolação foi reencontrado sob as ruínas, novamente intato. O cego, conduzido à presença do quadro pelo Bispo de Turim, recuperou instantaneamente a vista e o povo que assistiu ao milagre rompeu em brados de alegria. O Bispo Mainardo, comovido, ergueu repetidas vezes esta invocação a Nossa Senhora: “Rogai por nós, Virgem Consoladora!” E o povo respondeu: “Intercedei pelo vosso povo!” Este episódio  consolidou na alma do povo de Turim a devoção a Nossa Senhora Consolação.

Esta fé espalhou-se por toda a Itália rapidamente e conta-se que em 1385, quando o fidalgo romano Jordanico de Alberino, ficou preso nos cárceres do alto do Monte Campidolio, pouco antes de ser enforcado, colocou no seu testamento que daria dois florins de ouro para a pintura da imagem de Nossa Senhora da Consolação num local público, pedido cumprido a ordem do seu filho Tiago num do Clivo Jugário, por baixo do Monte Campidolio.

No Século seguinte, no dia 26 de junho de 1470, um condenado à morte saiu vivo do enforcamento porque pediu a proteção à Virgem, invocando aquela imagem mencionada. O entusiasmo do povo fez os Confrades de Santa Maria das Graças reunirem os recursos necessários à de uma igrejinha para veneração daquela milagrosa imagem de Nossa Senhora da Consolação.

No Século XVI, a pequena igreja passou a fazer parte de um hospital religioso, foi ampliada, a imagem de Nossa Senhora da Consolação foi coroada e o Papa Gregório XIII aprovou a invocação a Nossa Senhora da Consolação em 1577, sendo-lhe atribuído como dia o primeiro domingo depois do Dia de Santo Agostinho (28 de Agosto).

Esta devoção foi-se espalhando rapidamente por toda a Europa e pelo Novo Mundo. Vicente Pinzón, navegador espanhol, companheiro de Colombo nas suas viagens ao Novo Continente, descobriu um promontório, que acreditava ser o cabo de Santo Agostinho, ou a ponta de Mucuripe, em Fortaleza, no Brasil, ao qual deu o nome de Santa Maria de la Consolación.

Esta devoção também não tardou a chegar a Portugal onde existem igrejas consagrados a Nossa Senhora da Consolação em vários locais, como Alcobaça, Arrentela, Elvas, Feteira, Fundão, Guimarães, Peniche, Porto de Mós, Sesimbra ou Tavira.

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A construção da Igreja Paroquial de Igrejinha remonta ao Século XVI, sendo um dos templos portugueses consagrados a Nossa Senhora da Consolação mais antigos de todo o país. Não se conhecem as razões pelas quais foi escolhida por Luís Mendes de Oliveira, fidalgo que mandou erguer a igreja, a consagração a esta Virgem.

Para além da Freguesia de Igrejinha, Nossa Senhora da Consolação é também padroeira de Turim e Monaviel (Itália), Belo Horizonte e São Paulo (Brasil) e do Estado Independente do Grão Ducado do Luxemburgo.

Fontes: www.wikipedia.org, www.cancaonova.com, www.fatima.com.br, www.prestservi.com.br, www.portalsaofrancisco.com.br, http://www.catolicismo.com.br, www.google.com

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